Laudo confirma que mulher morreu após ter intestino perfurado em exames e marido cobra por justiça: 'Ela era perfeita'

Adriana Melo Brasil da Silva tinha 49 anos e morreu no dia 1º de outubro, cinco dias após fazer os exames de colonoscopia e endoscopia. Família registrou bol...

Laudo confirma que mulher morreu após ter intestino perfurado em exames e marido cobra por justiça: 'Ela era perfeita'
Laudo confirma que mulher morreu após ter intestino perfurado em exames e marido cobra por justiça: 'Ela era perfeita' (Foto: Reprodução)

Adriana Melo Brasil da Silva tinha 49 anos e morreu no dia 1º de outubro, cinco dias após fazer os exames de colonoscopia e endoscopia. Família registrou boletim de ocorrência e cobra investigação da Polícia Civil, que ainda não se pronunciou sobre o caso. Ivan da Silva, esposo de Adriana Melo Brasil da Silva Nalu Cardoso/g1 RR "Perdi a coisa mais importante que eu tinha, os planos que tinha com ela. Tudo isso ruiu de uma hora para outra, por uma negligência médica de um médico experiente”, disse, nessa terça-feira (15), o aposentado Ivan da Silva, viúvo de Adriana Melo Brasil da Silva, que morreu aos 49 anos após ter o intestino perfurado durante exames de colonospia e endoscopia, em Boa Vista. Em entrevista ao g1, Ivan falou da dor da perda da esposa, com quem foi casado por 34 anos, e também do sentimento de cobrança por Justiça após receber o laudo sobre a causa da morte de Adriana. “Eu vou para cima. Não tenho mais nada pra perder." O laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que Adriana morreu por choque séptico (infecção generalizada), insuficiência renal aguda, causado por pós operatório de laparotomia exploradora (quando o abdômen é aberto numa cirurgia) em consequência do abdome agudo perfurativo (perfuração no intestino). Mulher tem intestino perfurado e morre após fazer exames de colonoscopia e endoscopia em clínica particular Adriana morreu no dia 1º de outubro, cinco dias depois de fazer os exames com o gastroenterologia Altamir Ribeiro Lago numa clínica particular. A família afirma que houve negligência do médico e registrou boletim de ocorrência no 1º Distrito Policial, onde pediu que o corpo passasse por perícia no IML para confirmar a causa que já havia sido indicada na hora na morte. "Um erro, uma negligência causou tudo isso, começando lá na 'Centro Médico Viver', com o exame do Altamir Lago na minha esposa. Por que ele foi embora? Por que ele liberou minha esposa com dor, sem andar? Ela precisou sair carregada. Era isso que eu queria saber: por que que ele liberou minha esposa com dor e disse que era normal", questionou o marido. Em nota enviada à Rede Amazônica nesta quarta-feira (16), o médico informou que possui "mais de 37 anos de atuação médica, gozando de reconhecimento público e notório pela sua atuação técnica e cautelosa, não ostentando contra si qualquer condenação, seja administrativa ou judicial, tendo acumulado, ao longo desses anos, inúmeros procedimentos médicos bem sucedidos e sem qualquer complicação que possa comprometer sua ilibada atuação médica." "O caso da paciente Srª. Adriana Melo Brasil da Silva, que foi a óbito neste ano, constitui episódio lamentável, mas que não pode ser atribuído à atuação do Dr. Altamir, que, não apenas atuou com todo rigor e perícia possíveis, como também prestou assistência pós-cirúrgica à paciente e à família, com diligência ativa sobre a situação da paciente (veja na íntegra abaixo)." O marido de Adriana prestou depoimento sobre o caso nessa segunda-feira (14) no 1º DP. Ele não sabe se o médico também foi ouvido. Procurada, a Polícia Civil não enviou resposta ao g1 sobre o assunto. Quase 15 dias após a morte da esposa, Ivan conta que ainda não conseguiu mexer em nada do que era dela. Tudo permanece igual, até as roupas no closet. "A ficha ainda não caiu [...]. É muito difícil", diz ele. Adriana deixou o marido, o filho de 30 anos e dois netos. "A Adriana era amiga, era filha [...]. Os amigos que a gente tem até hoje são os mesmos que tínhamos quando nos casamos, para você ver o grau da amizade. Se ela era sua amiga, ela era sua amiga. Ela era perfeita, sabe? Alegre! Dançava, animava". Ivan conta que ainda não conseguiu mexer em nada que era da esposa Nalu Cardoso/g1 RR Ainda sobre as investigações, o marido soube que a Polícia Civil solicitou as imagens da clínica onde foram feitos os exames, mas a unidade informou que os equipamentos não estavam funcionando no dia do atendimento à paciente. "O delegado pediu as imagens dela chegando e dela saindo. Falaram que as imagens, que a fonte tinha queimado, e eles não perceberam, não tava filmando. Mas, o advogado [da clínica] levou o HD, dizendo ele que era o HD do dia. Junto com uma declaração dizendo que o doutor Atalmir não é sócio daquela clínica. Ele alugou uma sala e não tem vínculo direto com a clínica", afirmou o marido. Relembre o caso Paciente morre após realizar exame médico Adriana Melo Brasil da Silva fez os exames de endoscopia digestiva e colonoscopia no dia 26 de setembro deste ano. De acordo o esposo da servidora pública, ela reclamou de dor após os procedimentos, mas o médico disse que era "normal" e que ela podia ser levada para casa. Segundo o laudo do IML, depois dos exames, Adriana teve evolução com quadro persistente de naúseas, vômitos associados a distensão abdominal, com exames laboratoriais alterados ainda no dia 26. No mesmo dia, ela foi internada em um hospital particular que atendia pelo plano de saúde dela. O documento cita, ainda, que no dia 27, ela passou por uma tomografia computadorizada de abdômen, onde foi constatada a presença de pneumoperitônio, que é a presença de ar na cavidade peritoneal (espaço onde ficam os órgãos abdominais), sendo indicada uma cirurgia imediata. Com a cirurgia, foi constatada uma perfuração de 2 centímetros no intestino, na parte que liga intestino grosso ao reto, conforme cita o laudo. O corte foi fechado no procedimento, mas a paciente teve parada cardiorrespiratória. Depois disso, ela foi transferida para UTI, em estado grave. Inicialmente, quando ela chegou no hospital, segundo o marido, os médicos que a atenderam acreditaram que o motivo das dores relataras por Adriana se tratavam de gases. "Falei para o médico ‘por que não faz um ultrassom para saber o que está acontecendo dentro do abdômen da minha esposa?’ Ele disse que era gases, que era do laxante, do preparo que ela tinha feito para poder fazer o exame. Só no dia seguinte, cinco e meia da tarde que ela entrou para a sala de cirurgia. Ela estava todo o tempo com dor, e nenhum médico foi visitá-la", reclamou o marido. "[Foram] 34 anos de casamento. Nós nos conhecemos e nos casamos. Praticamente, foi o primeiro namorado e a primeira namorada. Ela era perfeita. Alegre, dançava, animada. Essa era a Adriana, era esposa, era avó, era mãe de um único filho, que sentiu muito a perda, e a avó de dois, dois meninos que vão sentir falta dela". Família de Adriana Nalu Cardoso / g1 RR Nota do médico sobre o caso "O Dr. Altamir Lago vem a público, através desta nota, esclarecer as recentes informações publicizadas nos telejornais locais sobre alguns de seus procedimentos médicos realizados. Inicialmente, é preciso registrar que o Dr. Altamir Lago possui mais de 37 anos de atuação médica, gozando de reconhecimento público e notório pela sua atuação técnica e cautelosa, não ostentando contra si qualquer condenação, seja administrativa ou judicial, tendo acumulado, ao longo desses anos, inúmeros procedimentos médicos bem sucedidos e sem qualquer complicação que possa comprometer sua ilibada atuação médica. O caso da paciente Srª. Adriana Melo Brasil da Silva, que foi a óbito neste ano, constitui episódio lamentável, mas que não pode ser atribuído à atuação do Dr. Altamir, que, não apenas atuou com todo rigor e perícia possíveis, como também prestou assistência pós-cirúrgica à paciente e à família, com diligência ativa sobre a situação da paciente. O exame de colonoscopia, a qual foi submetida a Srª. Adriana, envolve riscos inerentes e resultados que podem variar de acordo com fatores como a condições de saúde da paciente e a sua anatomia, de modo que o Dr. Altamir seguiu todos os protocolos adequados à espécie e atuou com a devida diligência durante a após a realização do procedimento cirúrgico. Os detalhes do caso foram minuciosamente expostos à família e, em respeito à memória da falecida, não merece holofotes desnecessários, mas é incabível atribuir à atuação do Dr. Altamir, ainda que remotamente, qualquer culpa, seja por negligência ou imperícia, sobre o lamentável óbito da paciente." Nota da clínica Centro Médico Viver "A clínica Centro Médico Viver, vem a público esclarecer os seguintes fatos referente a paciente Adriana Melo Brasil. Primeiramente, a clínica Centro Médico Viver não realizou nenhum procedimento clínico/médico na sra. Adriana. O prédio onde funciona a clínica Centro Médico Viver, também funciona a clínica Ribeiro & Lago Ltda., em salas e CNPJ distintos. Assim, a clínica responsável pelo procedimento médico na paciente Adriana foi a Ribeiro & Lago Ltda, e não a clínica Centro Médico Viver, conforme comprovado por meio de contrato firmado entre as clínicas e já apresentado as autoridades competentes. Em relação às câmeras de filmagens, a clínica Centro Médico Viver informa que, infelizmente, a fonte de energia que alimentava as câmeras de filmagens estava queimada, o que impossibilitou a captura das imagens, conforme laudo técnico. A fim de comprovar a mencionada informação, o equipamento de gravação e a fonte foram entregues, de forma voluntária, a autoridade policial para perícia técnica. Quanto a conduta do médico Altamir Lago, conforme já elucidado, a Clínica Centro Médico Viver não possui nenhuma relação de trabalho com esse profissional, não cabendo a ela se manifestar sobre a tal conduta. Por fim, é com o mais profundo pesar que a clínica Centro Médico Viver lamenta o falecimento da Srª Adriana Melo Brasil, manifestando nosso sentimento a todos os familiares e amigos." *Estagiária sob supervisão de Valéria Oliveira, do g1 RR Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

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